Reserva Rio Das Furnas

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Reserva Rio Das Furnas
Esfera Administrativa: Particular
Estado: Santa Catarina
Município: Alfredo Wagner
Categoria:
Bioma: Mata Atlântica
Área: 53,5 ha
Diploma legal de criação: Reserva Rio das Furnas I: Portaria IBAMA nº 61, de 16 de abril de 2002 - 10ha

Reserva Rio das Furnas II: Portaria ICMBio 168, de 11 de março de 2013 - 43,5ha

Coordenação regional / Vinculação:
Contatos: Renato Rizzaro e Gabriela Giovanka

Localização

(UTM) 6.936.900 N e 680.100 - 80 km de Florianópolis, 145 km de Lages, e 187 km de Blumenau.

Como chegar

A Reserva não está aberta à visitação, somente para pesquisas e estágios.

Ingressos

Onde ficar

Objetivos específicos da unidade

Preservação, conservação, pesquisas, estágios.

Histórico

A área foi adquirida por Renato Rizzaro e Gabriela Giovanka, em 2001. Até então, a propriedade era usada para a criação de gado, além do cultivo de cebola e milho. O plantio de cebola era principalmente realizado em toda parte Oeste da propriedade, inclusive em áreas bastante inclinadas e próximas ao Rio das Furnas, principal rio da propriedade. Nos plantios de cebolas são utilizados muitos agrotóxicos e de acordo com os proprietários a contaminação de rios e solos na região é bastante acentuada.

Por ser a última propriedade localizada no interior de um cânion, não era valorizada, pois não tinha muitas áreas aproveitáveis para agricultura e pastagem. Essa dificuldade é que possibilitou que muitas das áreas com vegetação nativa fossem conservadas. Outro fator que contou positivamente para a conservação da área foi o solo pobre e raso, que fazia com que a agricultura fosse viável apenas por alguns anos, sendo necessário deixar a terra descansar. Isso permitiu que algumas das áreas anteriormente cultivadas pudessem se recuperar de forma lenta, mas progressiva.

Quando o casal adquiriu a propriedade, esta possuía duas pequenas edificações na parte mais plana em proximidade da divisa Oeste. Uma das edificações era uma pequena moradia erguida manualmente com madeira de araucária na década de 40. Parte da comunidade de São Leonardo considerava essa edificação como assombrada, um lugar onde ninguém gostava de ficar. Após a aquisição da área, esta antiga casa sofreu reformas substanciais e foi moradia dos proprietários por nove anos, de 2001 a 2010. A segunda edificação era utilizada como depósito para guardar as colheitas de cebola, sendo também reformada após a aquisição. Atualmente tem função de depósito, atelier, garagem e escritório.

Os proprietários decidiram adquirir a propriedade para realizar o sonho de possuir um estilo de vida diferenciado, com mais qualidade de vida e principalmente muito contato com a natureza. Ambos são admiradores e estudiosos da natureza. Renato Rizzaro é designer e fotógrafo e Gabriela Giovanka tem Especialização em Naturologia Aplicada. O casal vê na aquisição e conservação da área um gesto de complementação de ações que colaboram para a continuidade da biodiversidade e dos ambientes naturais do Estado de Santa Catarina. Preocupados com o desmatamento, caça, escassez de água potável e com o estado de degradação do município de Alfredo Wagner, além de cuidar da propriedade em prol de sua conservação, também realizaram atividades de educação ambiental na escola da comunidade de São Leonardo e no PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, em Alfredo Wagner). Já realizaram mutirão de limpeza dos rios das Furnas, Adaga e Araçá, Oficina de Jardinagem Ecológica e passeio a Santa Rosa de Lima com agricultores para conhecer o plantio orgânico. Ambos com apoio da Prefeitura de Alfredo Wagner.

Toda a propriedade foi integrada, de janeiro de 2009 até dezembro de 2013, ao “Programa Desmatamento Evitado”, idealizado e executado pela SPVS, que tem como estratégia de ação a construção de alianças entre empresas e proprietários de florestas bem conservadas. Estas alianças culminam com a adoção dos remanescentes florestais por empresas (adotantes), beneficiando os proprietários rurais (adotados), propiciando a manutenção e conservação dos ecossistemas nativos.

Atrações

Aspectos naturais

Relevo e clima

Geomorfologia e Relevo

A região onde se insere a Reserva é caracterizada pela unidade geomorfológica Patamares do Alto Rio Itajaí. Esta destaca-se pela intensa dissecação com patamares e vales estruturais, cujo maior exemplo é o vale do Rio Itajaí do Norte. A presença de extensos patamares e relevos residuais de topo plano limitados por escarpas, deve-se às litologias de diferentes resistências à erosão: os arenitos são mais resistentes à erosão, enquanto os folhelhos, mais facilmente erodidos. O relevo apresenta grandes variações altimétricas, com cotas que variam de 700 a 1.220 m, sendo que as menores altitudes estão nos vales dos rios, por volta de 400 m. Os rios maiores apresentam vales de fundo plano, limitados por encostas íngremes, curso tortuoso com trechos retilinizados e corredeiras. A Reserva situa-se na parte interna de um pequeno cânion em forma de “U” cuja abertura está voltada para Oeste. O Rio das Furnas atravessa o cânion, passando, portanto, pelo meio da propriedade, onde a altitude pode atingir em torno de 750 m s.n.m.

A Reserva é delimitada por platôs, nos quais a altitude pode chegar a 900 m s.n.m., sendo a área abrigo de diversas nascentes que correm pelos paredões do cânion para o interior do Rio das Furnas em forma de belas cachoeiras. As encostas do vale são íngremes sendo as escarpas em degraus, visíveis de alguns pontos dos platôs.

Clima

De acordo com o “Zoneamento Agroecológico e Socioeconômico do Estado de Santa Catarina”, Alfredo Wagner insere-se em uma região que está sob influência das tipologias climáticas de Koeppen, Cfa e Cfb. O clima do tipo Cfa é dominante nas áreas mais baixas, sendo o Cfb característico das partes serranas do estado.

Devido à localização em uma porção mais elevada do município, apresentando uma variação de altitude de 750 a 900 m s.n.m., a Reserva insere-se em uma região de clima mais ameno representado pela tipologia climática Cfb. O clima caracteriza-se como sendo mesotérmico úmido sem uma estação seca bem definida. Os verões são frescos, sendo a temperatura média do mês mais quente menor que 22,0°C. A temperatura média anual varia de 15,8 a 17,9°C. A temperatura média das máximas encontra-se entre 22,3°C a 25,8°C e das mínimas de 10,8°C a 12,9°C. Em condições normais, podem ocorrer de 12 a 22 geadas por ano. As temperaturas mínimas nos meses de inverno ficam abaixo de 0°C. A pluviosidade total na área é elevada e bem distribuída durante o ano variando de 1.460 a 1.820 mm, com o total anual de dias de chuva entre 129 e 144. A umidade relativa do ar encontra-se entre 76,3 a 77,7%..

Fauna e flora

FAUNA

Aves

O diagnóstico da avifauna, complementado pela listagem construída com base em anos de observações do proprietário Renato Rizzaro, indicou a presença de 236 espécies de aves silvestres com ocorrência confirmada para a RRF, pertencentes a 49 famílias e 19 ordens. O total das espécies encontradas no estudo representa 39% da avifauna conhecida para Santa Catarina, conforme Rosário (1996). Os Não-Passeriformes estão representados por 96 espécies, correspondendo a 42,37% do total registrado. Os representantes da ordem Passeriformes, por sua vez, somam 136 espécies, o que corresponde a 57,62% do total. Do total de 1825 espécies de aves que ocorrem no Brasil, 234 táxons são endêmicos, ou seja, encontrados somente em território nacional (CBRO, 2009). O presente estudo verificou a presença de 11 espécies endêmicas do Brasil, o que equivale a 5,5% do total de espécies registradas na RRF: Brotogeris tirica, Lophornis magnificus, Clytolaema rubricauda, Merulaxis ater, Leptasthenura striolata, Hemitriccus orbitatus, Knipolegus nigerrimus, Attila rufus, Carpornis cucullata, Lipaugus lanioides, Ilicura militaris, Tangara desmaresti e Poospiza thoracica.

A composição da avifauna da RRF está relacionada aos ambientes associados às zonas de ecótono entre a Floresta Ombrófila Densa e a Floresta Ombrófila Mista. Apesar de diversas espécies aqui registradas habitarem em comum essas duas formações florestais, alguns táxons ocorrem preferencialmente ou exclusivamente em apenas uma das duas formações florestais citadas. Como exemplo de exclusividade da Floresta Ombrófila Densa, pode-se citar espécies como: o tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus), o entufado (Merulaxis ater), o capitão-de-saíra (Attila rufus), o corocochó (Carpornis cucullata) e o tropeiro-daserra (Lipaugus lanioides). Já as exclusividades da Floresta Ombrófila Mista podem ser ilustradas por espécies como o grimpeiro (Leptasthenura setaria), o trepadorzinho (Heliobletus contaminatus) e o sanhaçu-frade (Stephanophorus diadematus). Outras possuem nítida preferência pela Floresta com Araucária, no entanto não podem ser consideradas exclusivas, como por exemplo, o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), o beija-flor-de-topete (Stephanoxis lalandi), o pica-pau-dourado (Piculus aurulentus) e o bico-grosso (Saltator maxillosus). A localização geográfica da RRF propicia o contato direto de avifaunas de duas formações distintas, o que reflete na riqueza encontrada na região. De acordo com compilações recentes (STOTZ et al., 1996; SICK, 1997), existem 682 espécies de aves registradas para a Mata Atlântica (sensu lato) e que segundo Brooks et al. (1999), 207 são consideradas restritas ao bioma, conferindo uma das maiores biodiversidades de todo o mundo. Outro fator que contribui para que a composição da avifauna na área avaliada seja rica e diversificada, é a presença de campos rupestres na parte mais alta do cânion. Atualmente estes campos das propriedades vizinhas estão sendo ocupados e alterados pelos plantios de pinus, mas, originalmente, esta formação abrigava um elevado número de espécies de aves. Hoje, algumas espécies campestres que ainda podem ser observadas neste tipo de ambiente são: a cordorna-comum (Nothura maculosa), o perdiz (Rhynchotus rufescens), o cochicho (Anumbius annumbi), a maria-preta-de-penacho (Knipolegus lophotes), a mariapreta- de-garganta-vermelha (K. nigerrimus), a primavera (Xolmis cinereus), a andorinha-desobre- branco (Tachycineta leucorrhoa), o caminheiro-de-barriga-acanelada (Anthus hellmayri) e o pássaro-preto ou graúna (Gnorimopsar chopi).

A lista completa pode ser acessada:

Mamíferos

As espécies de mamíferos registradas na Reserva são na grande maioria de alta plasticidade ecológica (73%), o que significa que conseguem se adaptar com facilidade aos distúrbios do meio. Grande parte delas apresenta tempo de desenvolvimento curto, com esforço reprodutivo e mortalidade elevados. São generalistas em relação ao habitat e à alimentação. Este fato deve-se principalmente à amostragem estar voltada a espécies de médio e grande porte, que possuem maior capacidade de deslocamento que aquelas de pequeno porte. Os pequenos mamíferos (morcegos, roedores e marsupiais) não amostrados no atual estudo, dão uma resposta mais direta em relação aos impactos efetuados sobre o ambiente onde vivem, seja pela sua presença/ausência, seja pela sua abundância. Espécies de baixa plasticidade, que são mais exigentes em relação às características ecológicas das áreas onde vivem, representam 9% do total registrado. Pertencem a este grupo a paca (Cuniculus paca) e a jaguatirica (Leopardus pardalis), que requerem áreas com menor grau de alteração e evidenciam a importância da área e seu contexto para a manutenção de espécies-chave.

Com relação à pressão de caça, 36% das espécies apresentam alto interesse cinegético. Estão nesta categoria principalmente alguns macro-roedores (paca e cutia) e tatus, além dos felinos que são bastante perseguidos. Estas espécies encontram-se, então, sujeitas a pressões de caça constantes, sendo este o principal fator de impacto à sobrevivência das populações locais.

Mamíferos registrados na Reserva Rio das Furnas

Foram obtidas informações da ocorrência de 22 espécies de mamíferos pertencentes a oito ordens e 15 famílias. Esse total corresponde a 13% e 14,4% do total de mamíferos ocorrentes no Estado de Santa Catarina. Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), Tatu-mulita (D. septemcinctus), Morcego (Desmodus rotundus), Bugio-ruivo (Alouatta guariba), Jaguatirica (Leopardus pardalis), Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), Puma (Puma concolor), Gato-mourisco (Puma yaguaroundi), Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), Furão (Galictis cuja), Lontra (Lontra longicaudis), Irara (Eira barbara), Quati (Nasua nasua), Mão-pelada (Procyon cancrivorus), Serelepe (Guerlinguetus ingrami), Ouriço-cacheiro (Sphigurus villosus), Preá (Cavia aperea), Cutia (Dasyprocta azarae), Paca (Cuniculus paca), Lebre-européia (Lepus europaeus),


Caracterização Fitogeográfica

A RRF insere-se no domínio do Bioma Mata Atlântica, sendo caracterizada pela situação de contato entre a Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) e a Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica). Com base em critérios altitudinais, Leite e Klein (1990) apontam as formações de Floresta Ombrófila Mista ocorrentes acima dos 800 metros como sendo mais típicas e representativas. Deste modo, tendo em vista que a RRF situa-se em altitude média de 750 m s.n.m., não existem na área protegida comunidades típicas de Floresta Ombrófila Mista. Da mesma forma, a posição geográfica bastante interiorizada implica em condicionantes climáticas diferenciadas, que acabam por impedir também a ocorrência de uma Floresta Ombrófila Densa típica. Trata-se, portanto, de uma plena região de contato entre as tipologias, fortemente condicionada à posição encaixada da área protegida, dentro do cânion do Rio das Furnas, que proporciona condições microclimáticas bastante particulares.

Florística

Sob o ponto de vista da riqueza específica, considerando apenas as espécies que ocorrem naturalmente na área protegida, destacam-se as famílias Myrtaceae, Asteraceae e Lauraceae, respectivamente com 17, 13 e 12 espécies cada. Também são importantes: Bromeliaceae (11), Solanaceae, Polypodiaceae e Fabaceae (9 cada), e Melastomataceae (7). Estas oito famílias abrangem cerca de 35 % do total de espécies nativas registradas. Do montante total de espécies nativas registradas, apenas 4,9% são preferenciais ou exclusivas da Floresta Ombrófila Mista, enquanto 4,5% são preferenciais ou exclusivas da Floresta Ombrófila Densa. As demais se caracterizam por ocorrerem facultativamente nas duas regiões fitogeográficas (algumas deste grupo tiveram sua área de ocorrência indeterminada). Isto é comum em uma zona de contato, onde predominam espécies de maior plasticidade adaptativa que se distribuem naturalmente pelas duas tipologias envolvidas. Ainda assim, verifica-se de forma sutil, uma maior influência da Floresta Ombrófila Mista, pela maior representatividade estrutural das espécies indicadoras ocorrentes. Como preferenciais ou exclusivas da Floresta Ombrófila Mista, destacam-se: Lithraea brasiliensis, Araucaria angustifolia, Baccharis uncinella, Berberis laurina, Cinnamomum sellowianum, Nectandra lanceolata, Lafoensia pacari, Mimosa scabrella, Myrrhinium atropurpureum, Escallonia montevidensis, Styrax leprosus e Lantana fucata. Os representantes preferenciais ou exclusivos da Floresta Ombrófila Densa na RRF são: Aspidosperma pyricollum, Aechmea blumenavii, Aechmea ornata, Calyptranthes grandifolia, Vriesea gigantea, Alchornea triplinervia, Myrocarpus frondosus, Talauma ovata, Phytolacca dioica, Podocarpus sellowii eTrema micrantha. Devido à geologia de origem e ao posicionamento geomorfológico, a RRF apresenta relevantes comunidades vegetais rupícolas, que se desenvolvem nas escarpas rochosas, nos paredões de cachoeiras, nos lajeados do rio das Furnas e sobre matacões rochosos no interior das florestas. Algumas espécies foram registradas somente nestes ambientes sendo, provavelmente, exclusivas. É o caso de Gaylussacia sp., Myrciaria sp., Campyloneuron sp. e Epidendrum ellipticum. As três primeiras ocorrem somente sobre as rochas do rio das Furnas e seus afluentes, enquanto que a última ocorre nos paredões verticais das escarpas. Ao total foram identificadas 33 espécies que crescem sobre substrato rochoso, sendo a grande maioria caracterizada como facultativa, podendo ocorrer como terrícolas, epífitas ou rupícolas. Menção especial deve ser feita à espécie Gunnera manicata, que forma densas populações nas paredes úmidas das escarpas verticais, conferindo aspecto fisionômico muito típico. A seguir são descritas algumas das espécies ocorrentes na Reserva Rio das Furnas, dentre ameaçadas, relevantes fisionomicamente ou representativas de ambientes específicos: Espécies Ameaçadas de Extinção Por não haver uma lista estadual completa e atualizada da flora ameaçada de extinção em Santa Catarina, para definir quais espécies apresentam maiores níveis de ameaça na área protegida, foram consultadas as seguintes relações: Lista Oficial da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção; Lista das Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do Rio Grande do Sul; e Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná.

A presença destas espécies na área protegida, assim como de todas as outras consideradas ameaçadas, reforça sua importância ecológica em nível regional. A seguir são apresentadas as cinco espécies da flora consideradas com maior relevância para a conservação na RRF, pelos seus status de ameaça: Araucária (Araucaria angustifolia – Araucariaceae), Gravatá (Aechmea blumenavii – Bromeliaceae), Xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana – Dicksoniaceae), Cabreúva (Myrocarpus frondosus – Fabaceae), Imbuia (Ocotea porosa – Lauraceae), Jacarandá, Machaerium paraguariense, Fig. 3.19: Gunera, Gunnera manicata, Gunneraceae, Cravo-do-mato, Tillandsia mallemontii, Pinho-bravo, Podocarpus sellowii.

Espécies Relevantes na Fisionomia e Estrutura Florestal: Araticum-do-mato (Rollinia sylvatica – Annonaceae), Jerivá (Syagrus romanzoffiana – Arecaceae), Pimenteira (Capsicodendron dinisii – Canellaceae), Carne-de-vaca (Clethra scabra – Clethraceae), Tapiá (Alchornea triplinervia – Euphorbiaceae), Corticeira (Erythrina falcata – Fabaceae), Cafezeiro-bravo (Casearia sylvestris – Flacourtiaceae), Canela-fogo (Cryptocarya aschersoniana – Lauraceae), Canela-guaicá (Ocotea puberula – Lauraceae), Baguaçu (Talauma ovata – Magnoliaceae), Canjarana (Cabralea canjerana – Meliaceae), Cedro (Cedrela fissilis – Meliaceae), Guabiroba (Campomanesia xanthocarpa – Myrtaceae), Capororoca (Myrsine coriacea – Myrsinaceae), Maria-mole (Phytolacca dioica – Phytolaccaceae), Araçá-de-macaco (Posoqueria latifolia – Rubiaceae), Pasto-de-anta (Psychotria suterella – Rubiaceae), Miguel-pintado (Matayba elaeagnoides – Sapindaceae), Tarumã (Vitex megapotamica – Verbenaceae), Cataia (Drimys brasiliensis – Winteraceae), entre outras.

Espécies arbustivas e herbáceas Além das espécies arbóreas, as comunidades vegetais da RRF também comportam grande riqueza de espécies arbustivas e herbáceas. Parte destas não pôde ser registrada pelo caráter expedito do presente levantamento florístico. Dentre as plantas de porte arbustivo mais comuns no sub-bosque da RRF, estão os xaxins das espécies Blechnum brasiliense, Cyathea corcovadensis, C. atrovirens e Dicksonia sellowiana. Além de outras espécies como Mollinedia clavigera, Piper gaudichaudianum e Miconia cinerascens. Em áreas mais conservadas podem ser encontradas Justicia floribunda, Geonoma schottiana e Berberis laurina. Nas áreas alteradas, clareiras e bordas de floresta são comuns arbustos heliófilos como Baccharis dracunculifolia, B. uncinella, Senecio brasiliensis, Senna sp,, Lantana camara, L. fucata, Rubus brasiliensis e R. sellowii. Em diversos trechos da RRF existem densas populações de criciúma (Chusquea sp.), um bambu de colmo cheio que chega a formar redes bastante intrincadas. A composição do estrato herbáceo terrestre das florestas é bastante variável de acordo com as condições ambientais de cada trecho da RRF. De um modo geral, é notável a riqueza em pteridófitas, podendo-se citar Asplenium sp., Dryopteris sp., Anemia phyllitidis e Rumohra adiantiformis (Fig. 3.65). Também são espécies bastante comuns Heimia myrtifolia, Leandra sp., Piper mikanianum e Piper xylosteoides. No interior das florestas mais conservadas e densas, sobretudo no terço inferior das convergências hídricas, podem ser encontradas Adiantum raddianum, Oxalis sp. e Begonia spp. Em clareiras e trechos que sofreram intervenções de exploração forma-se a cobertura herbácea de pioneiras com destaque para as Asteráceas Baccharis articulata, Baccharis trimera e Erechtites valerianaefolia. Em certos trechos formam-se populações muito vigorosas de Pteridium arachnoideum, as quais muitas vezes chegam a impedir totalmente a passagem, tamanho o seu vigor e densidade. Também são comuns Desmodium sp., Gleichenella pectinata, Ocimum micranthum, Salvia melissaeflora, Acaena eupatoria e Sacoila lanceolata. Várias espécies herbáceas utilizam o substrato rochoso, muito abundante na RRF, para se desenvolver. Dentre estas espécies rupícolas pode-se destacar Eryngium cf. elegans, Campyloneuron sp., Peperomia spp., Rumohra adiantiformis, Elaphoglossum sp., Sinningia douglasii, Trichomanes sp., Microgramma squamulosa, Niphidium sp., Polypodium hirsutissimum e Aechmea ornata, sendo que muitas destas, também podem ocorrer como epífitas. Especificamente nas paredes verticais das escarpas rochosas podem ser encontradas Epidendrum ellipticum, Gunnera manicata, Amaryllis sp., Anthurium gaudichaudianum, Philodendron bipinnatifidum e Dyssochroma longipes. Outro grupo que merece menção na RRF é o das epífitas, plantas que se fixam sobre outras plantas, mas ao contrário das parasitas, não causam mal ao indivíduo que lhes fornece o apoio. A riqueza em epífitas é diretamente proporcional ao estágio de desenvolvimento das comunidades florestais. De maneira geral, o epifitismo não é muito pronunciado de forma abrangente na RRF. Nas áreas em estágios iniciais, a riqueza e abundância de epífitas pode ser dita baixa. Por outro lado, nos trechos em estágios mais avançados existe razoável riqueza de espécies, particularmente sobre as árvores mais antigas e de maior porte. As epífitas mais relevantes na RRF são: Asplenium gastonis, Blechnum binervatum, Bilbergia nutans, Bilbergia sp., Vriesea platynema, Lepismium houlletianum, Nematanthus australis, Campyloneuron nitidum, Pleopeltis angusta, Polypodium catharinae, Vittaria lineata, Tillandsia geminiflora, Tillandsia mallemontii, Tillandsia tenuifolia, Tillandsia stricta, Tillandsia usneoides, Oncidium sp. e Pecluma pectinatiformis.

Problemas e ameaças

• Povoamentos de Pinus sp. no entorno� exercem impactos negativos por causarem invasões principalmente nas áreas de campos naturais dos platôs à montante da RRF, prejudicando áreas de nascentes e de captação de água para o manancial, além de representarem uma interrupção na conectividade entre fragmentos de florestas nativas do entorno, podendo dificultar a dispersão e locomoção de certas espécies da flora e da fauna. • Incêndios acidentais ou criminosos � a constatação de queimadas em propriedades do entorno aponta para o perigo de incêndios que prejudicam a Reserva. Sendo a Reserva localizada em um vale úmido dificilmente o fogo adentrará em profundidade vindo dos platôs para a propriedade, porém, as queimadas nos platôs podem avançar vale abaixo dependendo das condições atmosféricas, especialmente nas florestas em estágio inicial da sucessão.

• Áreas agropecuárias no entorno � por ocuparem frequentemente áreas frágeis de preservação permanente, trazem impactos negativos como erosão e contaminação dos rios e da fauna, acarretando mudança de hábitos e desequilíbrios nas comunidades de fauna. Foram verificadas criações de bovinos em área de preservação permanente (APP) do Rio das Furnas, cultivo de cebola em encostas íngremes do vale do Rio das Furnas e criação de ovelhas nos platôs em áreas de campos.

• Caça � embora não tenha havido nenhum registro ou citação de caçadores utilizando as áreas da RRF, o abate eventual de alguns exemplares foi relatado, principalmente quando se trata de espécies que ofereçam alegado risco a animais domésticos, como jaguatiricas e gambás, por exemplo. Um dos vizinhos afirmou que mata todos os gambás que se aproximam da sua residência. Para tanto, seria adequada a realização de um programa de educação ambiental envolvendo também os adultos da região.

• Captura de animais para criação em cativeiro e comercialização � foi constatado que na comunidade de São Leonardo existe o costume de se criar aves silvestres em cativeiro, prática comum em grande parte desta região catarinense. Indivíduos de trinca-ferro (Saltator similis), coleirinho (Sporophila caerulescens), cuiú-cuiú (Pionopsitta pileata) e gaturamoverdadeiro (Euphonia violacea) foram observados em gaiolas nessa comunidade.

Fontes

ROSÁRIO, L. A. 1996. As Aves em Santa Catarina: distribuição geográfica e meio ambiente. Florianópolis: FATMA, 326p. SAVE BRASIL – Sociedade para a Conservação de Aves do Brasil. Lista das aves ameaçadas e quase ameaçadas no Brasil. Disponível em: <http://www.savebrasil.org.br/>. Acesso em: 07 out. 2009. SEMA-PR – Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Lista vermelha de plantas ameaçadas de extinção no Estado do PARANÁ. Curitiba: SEMA/GTZ, 1995. 139p. SEMA-RS – Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Lista das Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do Rio Grande do Sul. Disponível em : <http://www.sema.rs.gov.br/sema/html/pdf/especiesameacadas. pdf>. Acesso em 23 jun. 2009. SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova fronteira. 912p. 1997.

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