Mudanças entre as edições de "Reserva Rio Das Furnas"
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− | O diagnóstico da avifauna realizado pela equipe da Sociedade Chauá e SPVS e complementado pela lista realizada com base em anos de observações do proprietário Renato Rizzaro, indicou a presença de 238 espécies com ocorrência confirmada para a RRF. O total das espécies registradas representa 39% da avifauna conhecida para Santa Catarina, sendo algumas endêmicas do Brasil: Clytolaema rubricauda, Merulaxis ater, Leptasthenura striolata, Attila rufus, Carpornis cucullata, Ilicura militaris e Tangara desmaresti. | + | O diagnóstico da avifauna realizado pela equipe da Sociedade Chauá e SPVS e complementado pela lista realizada com base em anos de observações do proprietário Renato Rizzaro, indicou a presença de 238 espécies com ocorrência confirmada para a RRF. O total das espécies registradas representa 39% da avifauna conhecida para Santa Catarina, sendo algumas endêmicas do Brasil: ''Clytolaema rubricauda'', ''Merulaxis ater'', ''Leptasthenura striolata'', ''Attila rufus'', ''Carpornis cucullata'', ''Ilicura militaris'' e ''Tangara desmaresti''. |
A composição da avifauna da RRF está relacionada aos ambientes associados às zonas de ecótono entre a Floresta Ombrófila Densa e a Floresta Ombrófila Mista. | A composição da avifauna da RRF está relacionada aos ambientes associados às zonas de ecótono entre a Floresta Ombrófila Densa e a Floresta Ombrófila Mista. | ||
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Foram obtidas informações da ocorrência de 22 espécies de mamífero. | Foram obtidas informações da ocorrência de 22 espécies de mamífero. | ||
Esse total corresponde a 13% e 14,4% do total de mamíferos ocorrentes no Estado de Santa Catarina: | Esse total corresponde a 13% e 14,4% do total de mamíferos ocorrentes no Estado de Santa Catarina: | ||
− | Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), Tatu-mulita (D. septemcinctus), Morcego (Desmodus rotundus), Bugio-ruivo (Alouatta guariba), Jaguatirica (Leopardus pardalis), Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), Puma (Puma concolor), Gato-mourisco (Puma yaguaroundi), Graxaim (Cerdocyon thous), Furão (Galictis cuja), Lontra (Lontra longicaudis), Irara (Eira barbara), Quati (Nasua nasua), Mão-pelada (Procyon cancrivorus), Serelepe (Guerlinguetus ingrami), Ouriço-cacheiro (Sphigurus villosus), Preá (Cavia aperea), Cutia (Dasyprocta azarae), Paca (Cuniculus paca) | + | Gambá-de-orelha-branca (''Didelphis albiventris''), Tamanduá-mirim (''Tamandua tetradactyla''), Tatu-galinha (''Dasypus novemcinctus''), Tatu-mulita (''D. septemcinctus''), Morcego (''Desmodus rotundus''), Bugio-ruivo (''Alouatta guariba''), Jaguatirica (''Leopardus pardalis''), Gato-do-mato-pequeno (''Leopardus tigrinus''), Puma (''Puma concolor''), Gato-mourisco (''Puma yaguaroundi''), Graxaim (''Cerdocyon thous''), Furão (''Galictis cuja''), Lontra (''Lontra longicaudis''), Irara (''Eira barbara''), Quati (''Nasua nasua''), Mão-pelada (''Procyon cancrivorus''), Serelepe (''Guerlinguetus ingrami''), Ouriço-cacheiro (''Sphigurus villosus''), Preá (''Cavia aperea''), Cutia (''Dasyprocta azarae''), Paca (''Cuniculus paca''). |
Caracterização Fitogeográfica | Caracterização Fitogeográfica | ||
− | A | + | A Reserva Rio das Furnas está inserida no domínio do Bioma Mata Atlântica, sendo caracterizada pela situação de contato entre a Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) e a Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica). |
Florística | Florística | ||
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− | |Threats and problems= | + | |Threats and problems= Invasão por espécies exóticas, principalmente a monucultura de Pinus sp. no entorno da Reserva, prejudicando áreas de nascentes e de captação de água para o manancial, além da modificação paisagística, dificultando a dispersão e locomoção de certas espécies da flora e da fauna. |
Incêndios acidentais ou criminosos: a constatação de queimadas em propriedades do entorno aponta para o perigo de incêndios que prejudicam a Reserva. Sendo a Reserva localizada em um vale úmido dificilmente o fogo adentrará em profundidade vindo dos platôs para a propriedade, porém, as queimadas nos platôs podem avançar vale abaixo dependendo das condições atmosféricas, especialmente nas florestas em estágio inicial da sucessão. | Incêndios acidentais ou criminosos: a constatação de queimadas em propriedades do entorno aponta para o perigo de incêndios que prejudicam a Reserva. Sendo a Reserva localizada em um vale úmido dificilmente o fogo adentrará em profundidade vindo dos platôs para a propriedade, porém, as queimadas nos platôs podem avançar vale abaixo dependendo das condições atmosféricas, especialmente nas florestas em estágio inicial da sucessão. |
Edição das 14h40min de 30 de maio de 2014
Reserva Rio Das Furnas |
Esfera Administrativa: Particular |
Estado: Santa Catarina |
Município: Alfredo Wagner |
Categoria: Reserva Particular do Patrimônio Natural |
Bioma: Mata Atlântica |
Área: 53,5 ha |
Diploma legal de criação: Reserva Rio das Furnas I: Portaria IBAMA nº 61, de 16 de abril de 2002 - 10ha
Reserva Rio das Furnas II: Portaria ICMBio 168, de 11 de março de 2013 - 43,5ha |
Coordenação regional / Vinculação: |
Contatos: Renato Rizzaro e Gabriela Giovanka |
Índice
Localização
(UTM) 6.936.900 N e 680.100 - 80 km de Florianópolis, 145 km de Lages, e 187 km de Blumenau.
Como chegar
A Reserva não está aberta à visitação. Somente para pesquisas e estágios.
Ingressos
Fechada ao público.
Onde ficar
Possui uma casa com dois quartos pequenos para alojamento de até 4 pessoas e um rancho com um quarto e banheiro que pode abrigar até duas pessoas.
Objetivos específicos da unidade
Conservação e incentivo de pesquisas científicas e estágios.
Histórico
A área foi adquirida por Renato Rizzaro e Gabriela Giovanka no ano de 2001. Até então, era utilizada para o cultivo de cebola e milho e a criação de gado. Por ser a última propriedade localizada no interior de um cânion, grande parte de seu relevo não pôde ser aproveitado para a agricultura e pastagem, característica que possibilitou que algumas áreas com vegetação nativa permanecessem conservadas. Além disso, o solo pobre e raso não permitiu um cultivo excessivo no mesmo local facilitando a recuperação das áreas deixadas para descanso, de forma lenta mas progressiva.
Quando adquirida, a propriedade já possuía duas pequenas edificações na parte mais plana em proximidade da divisa Oeste. Uma delas, a pequenina casa construída com madeira de araucária na década de 40, foi reformada e se tornou a moradia dos proprietários por nove anos, de 2001 a 2010. O rancho, utilizado para guardar as colheitas anuais de cebola, também passou por reformas e atualmente é abrigo, depósito de ferramentas e outros materiais, atelier e garagem.
Desde o início Renato e Gabriela realizaram atividades de Educação Ambiental na escola da comunidade de São Leonardo e no PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Prefeitura Municipal de Alfredo Wagner. Envolvendo várias pessoas da comunidade e a Prefeitura Municipal, também realizaram o primeiro mutirão de limpeza dos rios das Furnas, Adaga e Araçá e a visita à Santa Rosa de Lima para o conhecimento das atividades de agroecologia e turismo sustentável realizadas por agricultores desta cidade. Em 2011, já em parceria com a SPVS, a Reserva promoveu uma oficina de Educação Ambiental para os professores da rede municipal de Alfredo Wagner.
Desde janeiro de 2009 até dezembro de 2013, a Reserva fez parte do “Programa Desmatamento Evitado”, idealizado e executado pela SPVS e que tem como estratégia de ação a aliança entre empresas e proprietários de florestas bem conservadas.
Atrações
Aspectos naturais
Relevo e clima
Geomorfologia e Relevo
A Reserva esta inserida numa região caracterizada pela unidade geomorfológica Patamares do Alto Rio Itajaí. Situa-se na parte interna de um pequeno cânion em forma de “U” cuja abertura está voltada para Oeste. O Rio das Furnas atravessa o cânion passando pelo meio da propriedade, onde a altitude pode atingir em torno de 750 m s.n.m. É delimitada por platôs, nos quais a altitude pode chegar a 900 m s.n.m., abrigando diversas nascentes que correm pelos paredões do cânion para o interior do Rio das Furnas em forma de belas cachoeiras. As encostas do vale são íngremes sendo as escarpas em degraus visíveis de alguns pontos dos platôs.
Clima
A Reserva insere-se em uma região de clima mais ameno. Os verões são frescos, sendo a temperatura média do mês mais quente menor que 22,0°C. As temperaturas mínimas nos meses de inverno ficam abaixo de 0°C. A pluviosidade total na área é elevada e bem distribuída durante o ano variando de 1.460 a 1.820 mm. A umidade relativa do ar encontra-se entre 76,3 a 77,7%.
Fauna e flora
FAUNA
Aves
O diagnóstico da avifauna realizado pela equipe da Sociedade Chauá e SPVS e complementado pela lista realizada com base em anos de observações do proprietário Renato Rizzaro, indicou a presença de 238 espécies com ocorrência confirmada para a RRF. O total das espécies registradas representa 39% da avifauna conhecida para Santa Catarina, sendo algumas endêmicas do Brasil: Clytolaema rubricauda, Merulaxis ater, Leptasthenura striolata, Attila rufus, Carpornis cucullata, Ilicura militaris e Tangara desmaresti.
A composição da avifauna da RRF está relacionada aos ambientes associados às zonas de ecótono entre a Floresta Ombrófila Densa e a Floresta Ombrófila Mista. Outro fator que contribui para que a composição da avifauna na área avaliada seja rica e diversificada, é a presença de campos rupestres na parte mais alta do cânion. Atualmente estes campos, de propriedades vizinhas, estão sendo ocupados e alterados pelos plantios de pinus, mas, originalmente, esta formação abrigava um elevado número de espécies de aves.
Lista completa: http://issuu.com/riodasfurnas/docs/aves_reserva_rio_das_furnas_atual
Mamíferos
As espécies de mamíferos registradas na Reserva são na grande maioria de alta plasticidade ecológica (73%), o que significa que conseguem se adaptar com facilidade aos distúrbios do meio. Espécies de baixa plasticidade, que são mais exigentes em relação às características ecológicas das áreas onde vivem, representam 9% do total registrado.
Com relação à pressão de caça, 36% das espécies apresentam alto interesse cinegético. Estão nesta categoria principalmente alguns macro-roedores (paca e cutia) e tatus, além dos felinos que são bastante perseguidos. Estas espécies encontram-se, então, sujeitas a pressões de caça constantes, sendo este o principal fator de impacto à sobrevivência das populações locais.
Mamíferos registrados na Reserva Rio das Furnas
Foram obtidas informações da ocorrência de 22 espécies de mamífero. Esse total corresponde a 13% e 14,4% do total de mamíferos ocorrentes no Estado de Santa Catarina: Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), Tatu-mulita (D. septemcinctus), Morcego (Desmodus rotundus), Bugio-ruivo (Alouatta guariba), Jaguatirica (Leopardus pardalis), Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), Puma (Puma concolor), Gato-mourisco (Puma yaguaroundi), Graxaim (Cerdocyon thous), Furão (Galictis cuja), Lontra (Lontra longicaudis), Irara (Eira barbara), Quati (Nasua nasua), Mão-pelada (Procyon cancrivorus), Serelepe (Guerlinguetus ingrami), Ouriço-cacheiro (Sphigurus villosus), Preá (Cavia aperea), Cutia (Dasyprocta azarae), Paca (Cuniculus paca).
Caracterização Fitogeográfica
A Reserva Rio das Furnas está inserida no domínio do Bioma Mata Atlântica, sendo caracterizada pela situação de contato entre a Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) e a Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica).
Florística
Sob o ponto de vista da riqueza específica, considerando apenas as espécies que ocorrem naturalmente na área protegida, destacam-se as famílias Myrtaceae, Asteraceae e Lauraceae. Devido à geologia de origem e ao posicionamento geomorfológico, a Reserva apresenta relevantes comunidades vegetais rupícolas, que se desenvolvem nas escarpas rochosas, nos paredões de cachoeiras, nos lajeados do rio das Furnas e sobre matacões rochosos no interior das florestas. Algumas espécies foram registradas somente nestes ambientes sendo, provavelmente, exclusivas. É o caso de Gaylussacia sp., Myrciaria sp., Campyloneuron sp. e Epidendrum ellipticum. Menção especial deve ser feita à espécie Gunnera manicata, que forma densas populações nas paredes úmidas das escarpas verticais, conferindo aspecto fisionômico muito típico. A presença de espécies ameaçada de extinção na área protegida, assim como de todas as outras consideradas ameaçadas, reforça sua importância ecológica em nível regional: Araucária (Araucaria angustifolia – Araucariaceae), Gravatá (Aechmea blumenavii – Bromeliaceae), Xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana – Dicksoniaceae), Cabreúva (Myrocarpus frondosus – Fabaceae), Imbuia (Ocotea porosa – Lauraceae), Jacarandá (Machaerium paraguariense), Gunera (Gunnera manicata), Cravo-do-mato (Tillandsia mallemontii), Pinho-bravo (Podocarpus sellowii).
Problemas e ameaças
Invasão por espécies exóticas, principalmente a monucultura de Pinus sp. no entorno da Reserva, prejudicando áreas de nascentes e de captação de água para o manancial, além da modificação paisagística, dificultando a dispersão e locomoção de certas espécies da flora e da fauna.
Incêndios acidentais ou criminosos: a constatação de queimadas em propriedades do entorno aponta para o perigo de incêndios que prejudicam a Reserva. Sendo a Reserva localizada em um vale úmido dificilmente o fogo adentrará em profundidade vindo dos platôs para a propriedade, porém, as queimadas nos platôs podem avançar vale abaixo dependendo das condições atmosféricas, especialmente nas florestas em estágio inicial da sucessão.
Caça: embora não tenha havido nenhum registro ou citação de caçadores utilizando as áreas da Reserva, o abate eventual de alguns exemplares foi relatado, principalmente quando se trata de espécies que ofereçam alegado risco a animais domésticos, como jaguatiricas e gambás, por exemplo.
Captura de animais para criação em cativeiro e comercialização: foi constatado que na comunidade de São Leonardo existe o costume de se criar aves silvestres em cativeiro, prática comum em grande parte desta região catarinense.
Fontes
ROSÁRIO, L. A. 1996. As Aves em Santa Catarina: distribuição geográfica e meio ambiente. Florianópolis: FATMA, 326p. SAVE BRASIL – Sociedade para a Conservação de Aves do Brasil. Lista das aves ameaçadas e quase ameaçadas no Brasil. Disponível em: <http://www.savebrasil.org.br/>. Acesso em: 07 out. 2009. SEMA-PR – Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Lista vermelha de plantas ameaçadas de extinção no Estado do PARANÁ. Curitiba: SEMA/GTZ, 1995. 139p. SEMA-RS – Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Lista das Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do Rio Grande do Sul. Disponível em : <http://www.sema.rs.gov.br/sema/html/pdf/especiesameacadas. pdf>. Acesso em 23 jun. 2009. SICK, H. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova fronteira. 912p. 1997.
Programa feito na Reserva Rio das Furnas pela Terra da Gente/EPTV (em duas partes): http://globotv.globo.com/eptv-sp/terra-da-gente-eptv/v/terra-da-gente-rio-das-furnas-bloco-1/2485962/ http://globotv.globo.com/eptv-sp/terra-da-gente-eptv/v/terra-da-gente-rio-das-furnas-bloco-2/2486045/